Recomiendo:
0

Pesquisas não tranquilizam Planalto

Fuentes: Rebelión

Lula e o comando petista entendem que se Marta Favre perder as eleições em São Paulo a reeleição do presidente corre risco. A estratégia vai precisar ser revista. O efeito Paulo Serra Maluf sobre a candidatura de José Maluf Serra não foi o esperado e o candidato tucano voltou a subir. Os últimos números mostram […]

Lula e o comando petista entendem que se Marta Favre perder as eleições em São Paulo a reeleição do presidente corre risco. A estratégia vai precisar ser revista. O efeito Paulo Serra Maluf sobre a candidatura de José Maluf Serra não foi o esperado e o candidato tucano voltou a subir. Os últimos números mostram que Serra e Marta disputarão o segundo turno e a vantagem, nesse segundo round, ainda é expressiva do candidato de FHC.

PT e PSDB são partidos paulistas. Fora dos horizontes de São Paulo não existe nada além de lugares onde, periodicamente, vão buscar votos. No caso do PT, só agora começa a se dar conta da importância de cidades como o Rio, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, as capitais de um modo geral e as chamadas cidades de porto médio.

O governo contava com melhores resultados em São Paulo na última avaliação feita pelo Instituto Data Folha. Não teve. Mantém lideranças em capitais estratégicas, como Porto Alegre e Belo Horizonte, única onde o candidato cresceu e deslanchou. No Rio, segunda maior cidade brasileira, o candidato do partido luta para não ser um dos menos votados. Os números não só dos institutos tradicionais de pesquisa, mas do próprio partido, implicaram numa mudança de comando.

Lula não tem dado o ar da graça na campanha, alguns ministros aparecem esporadicamente em função de lideranças em seus próprios estados e o resto fica por conta do comando partidário, no caso o presidente nacional José Genoíno.

Os recursos do fundo partidário e as contribuições de filiados, ou de doadores estão sendo empregadas em massa em campanhas apontadas como vitais para o futuro político do governo. Isso tem criado outro problema: candidatos de cidades menores, muitos deles com chances reais de vitória, ou líderes nas avaliações, comem o pão que o diabo amassou. Dinheiro só para Marta e um ou outro aliado de confiança. Isso pode custar caro ao partido após as eleições.

Do lado do PSDB, partido de FHC, Serra, Tasso Jereissati e outros menos votados há uma certeza: do resultado das urnas, combinado com o desempenho do governo Lula, vai definir a estratégia do partido para as eleições presidenciais de 2006. FHC não esconde o desejo de voltar, mas, não quer bater de frente com Lula sem certeza de vitória.

Se entender que a vitória será incerta vai deixar a disputa para os três pretendentes decidirem entre si: Geraldo Alckimin, governador de São Paulo. José Serra, candidato a prefeito de São Paulo e Tasso Jereissati, senador pelo Ceará, mas com empresas em São Paulo.

A rigor essa disputa pode ficar reduzida a Tasso e Alckimin, já que Serra impôs como condição para ser candidato a prefeito a garantia de ser também o candidato ao governo do Estado.

O jogo que está sendo jogado nas eleições municipais é esse.

O tom das campanhas, mesmo quando trata de temas relativos às cidades, não deixa de resvalar para o geral: saúde, segurança, desemprego e investimentos.

Os programas de televisão não têm mostrado nada além disso. Não há discursos com caráter ideológico e nem diferenças entre os principais candidatos. Todos falam as mesmas coisas, o estilo lavar mais branco, polir de forma a deixar mais brilhante. Nesse campo, pelo caráter incompreensível e nada democrático da propaganda gratuita, controlada pelas máquinas partidárias e grandes empresas de propaganda, os efeitos especiais contam mais que qualquer outra coisa.

Lula pretende realizar uma reforma ministerial bem ampla após as eleições. Adequar e azeitar a máquina para a campanha da reeleição. Ministros mais à esquerda, os que cuidam dos adereços do governo, devem dançar. Entre eles Olívio Dutra, que, a despeito da falta de recursos consegue tirar leite de pedra.

No campo tucano o único complicador é o governador de Minas, Aécio Neves. Está encolhido, não joga seu peso em campanhas de resultado incerto, quer ser candidato a presidente em 2010 e por isso mesmo não quer um presidente tucano como sucessor de Lula. Trata de assegurar suas bases em seu Estado, tem boa avaliação de um modo geral em todas as pesquisas e principalmente é mineiro, fora do esquema tucano paulista.

Como se vê, a luta institucional é pura perda de tempo. Uma exceção aqui, outra ali, uma decisão estratégica acolá e vai por aí afora.

O futuro do socialismo no Brasil está nas mãos do movimento popular.

PT e PSDB são farinhas do mesmo saco e as diferenças são mínimas, só para fingir que existem.

A acrescer, o fato que no próximo ano ocorre o chamado PED, o processo eleitoral do PT. Serão renovados diretórios e executivas em todas as instâncias. Setores da esquerda se agarram à idéia de vencer, conquistar o partido e trazer o governo para o que seria o seu leito natural.

Vão continuar a fazer apenas o contraponto à conversa fiada de Lula quando se trata de mudanças, de governo popular. Serão esmagados pelo trator neoliberal/fisiológico do governo, acima de tudo nessas horas.

O cara já está com os pés sujos do barro populista, com lamas que foram colhidas nas caminhadas pelo PMDB, pelo próprio PSDB, por partidos nanicos e até no malufismo.

O quadro é tão esse que o ministro Maresguia, do Turismo e do PTB, recebeu o presidente de seu partido, Roberto Jeferson e alguns candidatos a prefeito, com um pedido singelo: não liberar verbas para municípios onde o partido tenha candidato, mesmo que não seja aliado do PT.

Como se vê, fisiologismo neoliberal para ninguém botar defeitos.