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PMDB e PPS, braços tucanos

Fuentes: Rebelión

As decisões do PMDB e do PPS de deixarem o que chamam de «base aliada do governo» foram tomadas em São Paulo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os principais caciques tucanos. A análise das pesquisas que mostram Lula favorito para 2006 não correspondeu à expectativa criada com a vitória de José Serra para a […]

As decisões do PMDB e do PPS de deixarem o que chamam de «base aliada do governo» foram tomadas em São Paulo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os principais caciques tucanos. A análise das pesquisas que mostram Lula favorito para 2006 não correspondeu à expectativa criada com a vitória de José Serra para a Prefeitura da capital paulista.

Os comentários feitos por FHC sobre Lula, acima de tudo aquele em que chamou o presidente de incompetente, foram apenas produto do despeito característico do ex-presidente que acredita que fora dele e do que reflete o seu espelho não existe vida inteligente.

É só ler um pouco mais o que FHC disse para perceber isso. A expressão incompetente foi usada para reclamar da falta de ousadia ao seguir a política econômica traçada no governo tucano e para proclamar que o governo não foi capaz de encontrar outra saída que não a manutenção da política econômica.

A legislação partidária no Brasil foi feita pelos caciques dos principais partidos e tem um ponto fundamental, o de permitir que mesmo em circunstâncias adversas sejam capazes de manter o comando dos seus partidos.

Partido político aqui é um grande negócio. Uma espécie de balcão de trocas, onde se vende e se compra desde verbas no orçamento, nomeações de cabos eleitorais, parentes, amigos, um negócio montado para explorar o Estado. Funcionam como se fossem corretores dos principais acionistas desse mesmo Estado.

Privatizado, por sinal, no governo FHC.

O PMDB é um mastodonte em franco processo de extinção. Desde a morte de Ulisses Guimarães virou uma nau sem rumo, dirigido por um político que se comprado pela metade do que pensa que vale ainda está caro, Michel Temer. Abriga dentre os corruptos mais conhecidos e notórios do País, no caso Orestes Quércia e Jader Barbalho, ou Newton Cardoso e vai por aí afora.

É ainda um dos maiores partidos do Brasil mas míngua a cada eleição. Michel Temer lembra, até fisicamente, o técnico de futebol Vanderley Luxemburgo, um dos grandes cretinos do esporte, com a diferença que Vanderley costuma ganhar e Michel não tem como, é pequeno demais para isso. Lembra Luxemburgo na presunção e na arrogância.

O PPS (Partido Popular Socialista) saiu do antigo PCB. O partido terminou nas mãos de Roberto Freire e virou popular socialista. Votou a favor de todas as privatizações no governo FHC. Apoiou sem restrições o governo tucano neoliberal. É um braço do tucanato.

O PMDB, ao constatar a fragilidade da candidatura de Anthony Garotinho, versão fluminense de Paulo Maluf, ameaça agora com a candidatura de Germano Righotto, pastel que governa o Rio Grande do Sul, ligado ao latifúndio e produto de um dos muitos acasos que acontecem na política, esse gerado pela inconseqüência e oportunismo de Tarso Genro, ministro da Educação do governo Lula. Quer ser candidato com o discurso da «modernidade».

O fim da picada. Um político sem estofo, criado e gerado nos laboratórios dos meios de comunicação de seu Estado e das elites gaúchas, que não anda e não masca chicletes ao mesmo tempo, tropeça e cai, com esse tipo de proposta.

O PPS quer que o ministro Ciro Gomes saia do governo, entregue o cargo e vá para a oposição.

Nem os ministros do PMDB vão sair, o partido está dividido, nem Ciro Gomes vai entregar o cargo. No caso do PMDB nada deve acontecer senão bate boca, o jogo em que um chama o outro de traidor, canalha, etc e jantam juntos à noite. É típico do chamado institucional, clube de amigos e inimigos cordiais.

No caso do PPS, se Roberto Freire cismar de exercer sua vocação de maior acionista do partido, vai perder quadros. Desde o ministro, a senadores e deputados. Pequeno, vai ficar menor ainda. Freire é um dos maiores blefes da política nacional. O que se supunha um gigante é um pigmeu.

PMDB e PPS apostam nas análises de FHC que Lula vai se estrepar e que o ano de 2006 será o da redenção do tucanato. Vão na esteira do despeito e da «falsa lucidez» do ex-presidente (Tancredo Neves dizia isso dele).

O prefeito eleito de São Paulo, José Serra, anunciou hoje que o secretário de Saúde vai ser o deputado do PMDB, ligado a Quércia, Aristodemos Pinotti, parte do grande acordo.

Do lado do governo Lula parece ter costurado uma aliança entre ministros rivais, no caso José Dirceu e Antônio Palocci e produziu o milagre de anunciar a continuidade da famigerada política econômica, mas restaurar parte do poder de Dirceu.

Parece ter entendido que o ministro é decisivo nessa guerrinha contra tucanos e seus acessórios. Competente no sórdido jogo do institucional, o ministro José Dirceu tem carta branca para encurralar os adversários e é o que está começando a fazer, corre por aí o desespero de FHC. Cada dia um possível retorno ao governo fica mais difícil.

Não percebeu ainda que deveria ficar na moita, é uma concessão irresponsável de Lula que esteja solto e provavelmente o último que os brasileiros gostariam de ver na presidência da República.

A verdade é que nesse joguinho Lula deu um nó nos adversários, pelo menos até agora. Temer, por exemplo, se esforça para mostrar que a decisão do seu partido é conseqüente e vai trazer problemas para o governo, sabendo que não é assim, guampada de boi manso, manso e decrépito.

Roberto Freire não tem a menor idéia de coisa alguma, começa o dia com o roteiro traçado em São Paulo pelos tucanos.

O Brasil não passa por aí. Nem por Lula e nem por essa gente. Passa fora do jogo institucional. Essa conversa que a saída do PMDB e do PPS da base do governo ameaça a governabilidade é de matar de rir. Se esses caras desaparecerem ninguém nota, a não ser que o ar fica mais puro.