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Quem não tem bin Laden, caça com Saddam

Fuentes: Rebelión

Bush sonha com a prisão de Osama Bin Laden. Seria o fato capaz de assegurar sua reeleição. Saddam Hussein é só uma figura menor e tanto pode ajudar, como complicar. Por isso mesmo os norte-americanos vão tentar direcionar o julgamento do ex-presidente do Iraque para ajudar o líder terrorista da Casa Branca. A decisão de […]

Bush sonha com a prisão de Osama Bin Laden. Seria o fato capaz de assegurar sua reeleição. Saddam Hussein é só uma figura menor e tanto pode ajudar, como complicar. Por isso mesmo os norte-americanos vão tentar direcionar o julgamento do ex-presidente do Iraque para ajudar o líder terrorista da Casa Branca.

A decisão de entregar o poder (que poder?) aos iraquianos e julgar Saddam Hussein tem uma só explicação: as pesquisas nos Estados Unidos mostram que o presidente/terrorista já não tem o mesmo índice de aprovação quanto à invasão e a ocupação do Iraque.

Quer sair do atoleiro. De mentira mas é. O governo provisório é uma farsa, um conjunto de títeres e o julgamento de Saddam busca ainda aplacar a reação de parcelas da população iraquiana contrárias à ocupação.

Se Saddam Hussein começar a contar a história da guerra contra o Irã, que passa pelo fornecimento de armas químicas e biológicas ao Iraque, tudo para acabar com a revolução dos aiatolás, o jogo fica perigoso para Bush.

Fica pior se Saddam contar que o pai do presidente, à época na Casa Branca, foi informado da invasão do Kwait e não se opôs. Só o fez quando percebeu que as companhias petrolíferas, inclusive a de sua família, iriam dançar. E que a força de Saddam, no mundo do petróleo, seria maior que a da família real saudita, parceira dos grandes grupos nos negócios petrolíferos.

Saddam teria poderes, por exemplo, para ditar o preço do petróleo no mercado internacional e conhecendo a goela do iraquiano para outros «negócios», ficava mais barato, manter o esquema na Arábia Saudita.

Sem falar que a propalada libertação do Kwait assegurou aos EUA o controle total da situação. O país, hoje, é mera base norte-americana. O petróleo está sob controle da turma. Os Bush fazem parte da turma.

Chamar Bush de criminoso é chover no molhado. Pode despertar simpatias ao presidente em sua tentativa de reeleição. Isso do ponto de vista do eleitor nos Estados Unidos.

É possível que as autoridades da Organização Casa Branca tentem estabelecer controles sobre o julgamento, no caso as informações. Sejam aquelas a serem liberadas (alguns jornalistas estão credenciados para cobrir in loco), sejam as que necessariamente terão que ser escondidas. É um jogo perigoso, mas é típico de Bush.

É curioso ver o tom do noticiário oficial divulgado pela maior parte dos meios de comunicação em todo o mundo. São meros repetidores dos releases do Departamento de Estado e seus braços. Falam em democracia, em fim das torturas e das barbaridades cometidas ao tempo de Saddam.

Como se nada tivesse acontecido no Iraque, ou nada esteja acontecendo em Guantánamo, campo de concentração construído pelos norte-americanos para manter prisioneiros que, supostamente, possam ter ofendido por palavras ou atos o império.

Como se Bush e Saddam não fossem iguais.

O que preocupa o líder do IV Reich são as eleições do final do ano. O candidato democrata John Kerry mesmo não subindo muito nas pesquisas lidera em intenção de votos e pior, Bush cai em índices de aprovação. O noticiário deu conta que o democrata superou o republicano em captação de recursos para a reta final da campanha, o que deixa a luz vermelha acesa para o presidente.

O golpe decisivo seria a prisão de Osama Bin Laden. Com toda a certeza seria exibido em New York, numa jaula, para o regalo dos cidadãos dos Estados Unidos e, de preferência com um cartaz dizendo «reeleja Bush». À falta do comandante da Al Quaeda, serve Saddam, na desesperadora necessidade de produzir fatos capazes de reverter as tendências do eleitorado norte-americano. Fica mais ou menos assim: quem não tem Bin Laden, caça com Saddam.