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Quem nasceu para Augusto Nunes não chega a Élio Gaspari

Fuentes: Rebelión

Abelardo Barbosa, o Chacrinha, foi definitivo em determinados momentos: «nada se cria, tudo se copia». É o caso da coluna de Augusto Nunes no Jornal do Brasil, em relação à de Élio Gaspari, publicada nos jornais O Globo e Folha de São Paulo, sempre aos domingos. Plagiar, segundo Aurélio Buarque de Holanda, «é imitar trabalho […]

Abelardo Barbosa, o Chacrinha, foi definitivo em determinados momentos: «nada se cria, tudo se copia». É o caso da coluna de Augusto Nunes no Jornal do Brasil, em relação à de Élio Gaspari, publicada nos jornais O Globo e Folha de São Paulo, sempre aos domingos.

Plagiar, segundo Aurélio Buarque de Holanda, «é imitar trabalho alheio». Logo, a coluna de Nunes não é plágio. Falta o talento de Gaspari´. A diferença é mais ou menos a seguinte: Nunes enxerga o mundo na ótica estreita de quem tenta ser crítico sem ultrapassar a periferia da fofoca. Gaspari pensa grande. É, sem favor algum, um dos maiores nomes do jornalismo brasileiro.

Uma das características, hoje, do mundo das comunicações, o tradicional, é a mesmice. E essa é uma das razões da profunda revolução provocada e vivida nos tempos da rede mundial de computadores. Permite que se fuja dessa situação.

Manhattan Colection, um dos primeiros programas em tevê fechada a conseguir índices de audiência de televisão aberta. Morreu e esqueceram de enterrar desde que morreu Paulo Francis. O programa era ele e sua fascinante inteligência, cultura, até seu jeito debochado, mas acima de tudo um jornalista sério, íntegro.

E nem se diga que os jornalistas que lá estão e tentam manter o programa não sejam íntegros ou inteligentes. O problema não é esse. Está na diferença abissal de Paulo Francis para o resto.

Tentaram, no caso a Globo, impingir Arnaldo Jabor um novo Francis. Não consegue ser sequer caricatura.

Todo esse preâmbulo para constatarmos que há dois tipos de críticas ao governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Um que se preocupa com o que o presidente come ou bebe e outro que pensa o Brasil para além dos interesses de donos de jornal. Sejam empreiteiros, banqueiros, o que diabo sejam e são todos, os donos, diabos.

Há um momento memorável na trajetória de Gaspari. Foi quando, ainda no governo FHC, tomou as dores de uma pequena empresaria, dona ao que me recordo, de uma confecção e que foi vítima do autoritarismo da Light. Apontada e execrada como responsável por um gato na rede de energia, viu seu negócio ir água abaixo e encontrou no jornalista a forma de extravasar sua indignação e ir buscar justiça como de direito.

Era um tempo em que essas empresas, sócias do Estado brasileiro, não encontravam resistência, o presidente era um mero delegado de seus interesses. Hoje já encontram alguma resistência, apesar das agências reguladoras (regulam os interesses dos donos).

Quando jornalistas como Gaspari, Jânio de Freitas, Clóvis Rossi, Villasboas Corrêa, Alberto Dines, Ancelmo Góis, e outros deitam suas críticas ao governo Lula, mais que frustração com determinadas políticas do presidente, fica cristalino que não são viúvas de FHC. Pelo contrário. Apenas exercem o jornalismo com liberdade e integridade.

Um dos problemas da esquerda brasileira é, muitas vezes, não enxergar isso. Ou a incapacidade de conviver com determinado tipo de critica, ou com contrários.

É uma das dificuldades do governo Lula no mundo das comunicações: conviver com a crítica séria e responsável . Prefere o caminho perigoso e equivocado do jornalismo chapa branca.

No caso da Folha se tirarmos os jornalistas independentes fica coisa nenhuma. Ou Josias de Sousa, outro que perde o sono com o que Lula come ou bebe. É o clássico exemplo do sanguessuga, o jornal. Constrói o que pretende ser fato, «um jornal sem rabo preso», em cima de articulistas de fato independentes.

Se juntarmos, um exemplo, o número de linhas gasto com mostrar as diferenças entre Rio e São Paulo, na crônica esportiva então isso é quase que absoluto, falo da Folha no seu ufanismo paulistano, vamos perceber que o trabalho de outro jornalista competente, Boris Casoy, por mais que tenha estendido o campo de circulação daquele jornal, não conseguiu mudar um espírito que ainda é provinciano.

Os quatro grandes jornais brasileiros, Folha de São Paulo, Globo, Estado de São Paulo e Jornal do Brasil, ou assim considerados, cada dia mais mergulham no jornalismo chinfrim do mundo do faz de conta.

Restritos aos universos da televisão, do mundo do high society. São meras extensões do show.

Ninguém lê mais esses jornais. São iguais em tudo e por tudo. Exceto nos jornalistas independentes. Deviam cobrar um extra por sustentarem as fantasias de um faz de conta que não tem nada a ver com o de Monteiro Lobato.

É por aí. Quando o leitor, digamos assim, abre o Globo, vai logo no Veríssimo, depois no Ancelmo e nos outros não muda nada.

Ou compra pelos classificados.

Os chamados grandes cada dia mais estão menores.

Na linha da vaca da Veja, a que dá leite colorido.