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Resultados eleitorais, primeiras impressões

Fuentes: Rebelión

Eleições municipais não definem eleições presidenciais por antecipação. No máximo fornecem aos partidos alguns indicativos. O caráter de prévia acontece noutro aspecto: o PT de Lula passa a depender cada vez mais de alianças montadas no fisiologismo que caracteriza o governo e o PSDB de FHC é o novo grande partido da direita brasileira. A […]

Eleições municipais não definem eleições presidenciais por antecipação. No máximo fornecem aos partidos alguns indicativos. O caráter de prévia acontece noutro aspecto: o PT de Lula passa a depender cada vez mais de alianças montadas no fisiologismo que caracteriza o governo e o PSDB de FHC é o novo grande partido da direita brasileira. A velha UDN, puritana e moralista por fora, corrupta e golpista por dentro.

O PT sai menos paulista das eleições. Marta vai disputar o segundo turno com o tucano José Serra em franca desvantagem inicial, o que não significa que não possa vencer. Todos os institutos de pesquisa falharam nos previsões para a capital do mais forte Estado da federação brasileira. A vantagem de Serra foi em torno de oito pontos percentuais.

Em Minas, Belo Horizonte, o prefeito petista Fernando Pimentel foi reeleito com mais de 60% dos votos, derrotando um ex-goleiro do clube mais popular da capital, deputado e secretário do governo Aécio Neves. Pimentel iniciou a campanha em franca desvantagem e os resultados, já a partir de um determinado momento da campanha, surpreenderam os próprios militantes do PT.

No Rio Grande do Sul o ex-prefeito e Raul Pont venceu o primeiro turno e vai disputar o segundo com o ex-senador José Fogaça. Todo o peso de uma elite com características próximas da boçalidade, a começar pelo governador Germano Righotto, vai ser jogado para derrotar Pont.

No Recife e em Aracaju o prefeito reelegeu seus prefeitos.

O PT cresceu, o PSDB cresceu, o PMDB deve se manter, nominalmente, o partido com o maior número de prefeituras (sobretudo nos burgos podres) e o que Lula vai fazer é fácil de ser previsto: o presidente e seu grupo devem promover uma reforma ministerial no máximo até janeiro, despejar recursos, os tais 100 bilhões em caixa, em obras por todos os cantos, sem deixar, todavia, de cumprir o receituário do FMI.

Os números das eleições municipais, aí os indicativos, mostram que Lula deixou de ser uma esperança, corre pari e passo com o tucanato de FHC. O ex-presidente bem que deseja uma nova temporada no Planalto. Vai depender da situação do atual presidente no início de 2006. Não entra no páreo se não tiver quase certeza absoluta de vitória. Aí, cada vez mais paulista, o PSDB, corre com o governador Geraldo Alckimin. Há suspeitas fortíssimas que Alckimin seja múmia ressurreta por prodígios da ciência.

A reforma ministerial deve acomodar o conjunto de forças que apóiam o presidente no Congresso e incorporar, ou pelo menos tentar, algumas outras. O ministro José Dirceu tem dito reiteradas vezes que quer voltar à Câmara. No governo muita gente torce para que isso aconteça. O filho do ministro foi eleito prefeito de Cruzeiro do Oeste, no Paraná, com mais de 70% dos votos.

O segundo turno deve trazer algumas surpresas. Em Salvador, por exemplo. Se não o fizer explicitamente, por baixo dos panos o partido de Lula deve apoiar César Borges, ligado a ACM, caso seja confirmado o segundo lugar do pefelista.

Curitiba é outra capital importante onde o partido de Lula disputa o segundo turno, contra um tucano. Vai contar com a ajuda de Requião, governador do Estado. Goiânia um páreo difícil, apesar de Pedro Wilson ter superado as previsões e conseguido chegar ao segundo turno contra Íris Resende.

Essas são as primeiras leituras das eleições municipais.

E um dado importante: de tanto tentar induzir o voto, antecipar resultados, trabalhar acoplado ao poder, o IBOPE cometeu erros próximos do desatino em matéria de pesquisa. Em São Paulo, na sexta-feira, deu Marta à frente de Serra. Em muitas cidades não vai conseguir se justificar nem com o velho esquema de «empate técnico, tanto para cima, tanto para baixo».

O jogo só termina quando forem contados os votos do segundo turno. No Brasil só em cidades com mais de 100 mil eleitores, logo, as principais. Depois é que a turma começa a mexer os pauzinhos para valer e com certeza de onde pode por o pezinho.

E até lá, a figura patética e ridícula da presidente do PT, José Genoíno gritando que seu partido ganhou e tucanos travestidos de lordes ingleses tentando vender a idéia que os vencedores foram eles.

De qualquer forma, neste primeiro turno, as vitórias do PT foram maiores que as do tucanato.

Um grande problema para Lula e sua turma: Luiziane Lins chegou ao segundo turno em Fortaleza, capital de um estado importante, o Ceará. Venceu Ignácio Arruda do PC do B e candidato da cúpula nacional do PT. Luiziane chegou a ser convidada a renunciar. Inconsequência, mais uma, do inconsequente José Genoíno.

Como vão digerir a indigesta situação não sei. Mas não será surpresa se tucanarem, ou seja: ficarem em cima do muro torcendo para a moça perder. São contra vida inteligente e além dos limites de São Paulo no PT.