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Se Bush for reeleito

Fuentes: Rebelión

Há duas análises mais imediatas sobre a eventual reeleição do presidente George Bush. O primeiro tenta mostrar que Bush, por mais paradoxal que possa parecer (e não parece), aprofunda a curva da decadência do império norte-americano. A segunda diz respeito ao imediato e que, numa certa medida, pode, considerando o poder econômico e sobretudo militar […]

Há duas análises mais imediatas sobre a eventual reeleição do presidente George Bush. O primeiro tenta mostrar que Bush, por mais paradoxal que possa parecer (e não parece), aprofunda a curva da decadência do império norte-americano.

A segunda diz respeito ao imediato e que, numa certa medida, pode, considerando o poder econômico e sobretudo militar dos Estados Unidos, tornar aquela decadência um processo mais demorado, mais longo e portanto prejudicial às perspectivas de um outro mundo possível.

O que caracteriza Bush, ou Sharon é o conhecimento da necessidade de políticas de terra arrasada em relação aos que são considerados seus inimigos mais próximos. Bush e Sharon sabem que não são eternos e nem eternos os seus partidos, como conhecem a dinâmica da História, por mais que tentem negá-la, ou decretá-la morta.

Isso determina a natureza terrorista do governo dos Estados Unidos, como do governo de Israel.

Bush representa interesses do chamado complexo industrial-militar de seu país. Tem a visão do dia de hoje e só. Daí a necessidade de invadir e ocupar o Iraque (petróleo, água, como para evitar um estado árabe forte e capaz de fazer frente a Israel). As constantes ameaças contra o Irã. E políticas que estabeleçam condições de controle da América Latina, principalmente a América do Sul, onde existem reações ao neocolonialismo norte-americano.

A revolução cubana e o governo Hugo Chávez continuarão a ser alvos da ação terrorista e golpista de um novo governo Bush. E numa dimensão maior que a que vemos hoje, pois serão, de acordo com a lei americana, os quatro últimos anos do IV Reich, pelo menos na forma atual: terrorismo sem meias palavras.

Impedir a eleição de governos no mínimo progressistas em países chaves como a Bolívia, ou a Colômbia (há uma ditadura do narcotraficante Uribe) e manter sob controle o Brasil, país chave, fato tornado explícito pelo republicano Richard Nixon («para onde se inclinar o Brasil, se inclina a América do Sul»), são determinações do Partido Nacional Socialista, dito republicano.

Bush não tem preocupações com o povo dos Estados Unidos. Saúde, educação, desemprego, economia, são adereços que compõem o programa nacional-socialista por exigência eleitoral. Na verdade, a ótica dos terroristas da Casa Branca leva em conta a constante imbecilização do cidadão médio ali, como aprofunda esse processo via meios de comunicação, principais agentes do terror de mercado.

A estratégia é simples: fazer com que cada cidadão nos EUA, antes de se deitar, agradeça a Deus estar na terra da promissão e cuidadosamente, vá olhar embaixo da cama para ver se lá não estão escondidos terroristas ou outras formas contrárias ao puritanismo dos enviados divinos.

Com isso fica assegurado o patriotismo e a possibilidade de espalhar essa forma doentia e animalesca de terror para o resto do mundo, aos que, porventura, cismarem de não aceitar a nova tábua de mandamentos. Foi entregue a Bush, no meio de um porre, por um anjo com espada de fogo, montado numa foguete com ogivas nucleares para a paz.

A vitória do presidente Chávez no referendo de agosto não significa que os terroristas tenham desistido da Venezuela, país fundamental para os EUA por conta do petróleo. No documentário «a revolução não será televisionada», um alto funcionário da Casa Branca, me parece que o diretor da CIA, fala explicitamente que «o presidente Chávez não leva em conta os interesses dos Estados Unidos». É essa a letra da música tocada por Washington: «interesses dos Estados Unidos».

Chávez, escorado no texto constitucional, também referendado pelos venezuelanos, tem direito a um novo período e vai buscar a reeleição. Com toda a certeza o processo de terror e golpismo que marcou os últimos feitos da Casa Branca em relação àquele governo vai ser revivido em escala maior e com mais ímpeto.

Bush já disse que é preciso «libertar Cuba». Deve estar precisando de mais espaço para os presos de Guantánamo e seus torturadores. Já declarou que «não aceitaremos que Fidel seja substituído sem eleições livres e democráticas supervisionadas pela OEA». OEA é um dos braços diplomáticos do terror norte-americano.

Numa rápida olhada sobre o processo são os dois países que enfrentarão ameaças terroristas mais imediatas e permanentes.

O controle da Colômbia, da Bolívia e também do Peru, onde o governo Toledo se afunda cada vez mais, Bush vai buscar manter com mão de ferro. No caso colombiano é hoje, a rigor, colônia subordinada e mantida pelo terror do IV Reich.

O que Lula vai fazer é complicado. O presidente brasileiro dá sinais de ter perdido contato com o real quando se afirma eleito para «mudar a história da humanidade». Entra para o bloco dos enviados divinos. Dos portadores de boas novas.

Executa políticas ditadas pelo FMI, braço econômico do terrorismo norte-americano, promove todas as reformas gestadas nos laboratórios neoliberais do Banco Mundial e não percebe, parece nem querer perceber, que vai sendo engolido pelas beiradas no caso da ALCA.

A visita do presidente do Brasil ao Chile e ao Equador, aliados dos EUA, logo após a vitória de Chávez no referendo, foi sintomática. Bush, como o louro da velha piada, virou «aliado, amigo».

Maior ou menor êxito do terrorismo de mercado vai depender da capacidade do movimento popular de se opor e enfrentar a ameaça, tanto quanto, deixar de lado essa ilusão que o governo Lula tem algo a ver com a expectativa de mudanças.

É deles. Executa apenas políticas patrioteiras e populistas para assegurar a reeleição no jogo sujo da institucionalidade.

O V Fórum Social Mundial vai acontecer em janeiro, logo, com a definição do eleitorado norte-americano. São claras as tentativas de domesticação dos fóruns sociais mundiais, desde o II. De limitá-los ao contexto de discussões ditas pedagógicas sobre questões essenciais e vitais, numa espécie de luta de faz de conta, por meras reformas, sem mudanças na estrutura, no regime.

Pode ser, já que em todas as oportunidades essas tentativas foram rechaçadas nas ruas, o ponto de partida para o que os muçulmanos chamam de «a mãe de todas as batalhas».

Em se tratando de Bush a visão é correta.

Um segundo mandato republicano/terrorista vai buscar fazer da América do Sul, o velho e eterno quintal dos Estados Unidos.

As chances de Kerry? Hoje me parecem mínimas. O cara lembra um bocó, cheio de boas intenções, mas que não sabe para que lado ir. A propósito, creio que lembra Garfield num dilema, só no dilema, pois o gato é bem vivo.

Numa das tiras, John, o típico americano médio, pergunta a Garfield, que pata ele leva á frente primeiro quando começa a caminhar. O gato olha para as dianteiras, as traseiras e não anda mais.

Kerry me parece nessa situação, ainda mais agora, que Clinton parece estar fora do jogo. Não sabe se vai a dianteira, ou se vai a traseira.

Bush não sabe nada, mas quem maneja as cordas, esses, sabem tudo. De terrorismo e lucros.