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Segundo turno: primeiras impressões

Fuentes: Rebelión

José Jânio Serra é uma ressurreição. A de Jânio Quadros. A única diferença é que Serra prefere café com leite e Jânio gostava da «malvada pinga». Ponto para Jânio. Se é que isso é possível. A derrota mais importante do PT foi a de Porto Alegre. A de São Paulo só complica as vidas de […]

José Jânio Serra é uma ressurreição. A de Jânio Quadros. A única diferença é que Serra prefere café com leite e Jânio gostava da «malvada pinga». Ponto para Jânio. Se é que isso é possível.

A derrota mais importante do PT foi a de Porto Alegre. A de São Paulo só complica as vidas de um bando de equivocados como Mercadante, Genoíno, José Dirceu, vidas que vinham se complicando desde a posse de Lula. Um erro redondo e rotundo.

Porta-vozes do Governo Federal disseram que preferem a reeleição de Bush à eleição de John Kerry. Afirmaram que isso «é melhor para o Brasil». Estão explicadas as declarações do general brasileiro comandante da PM norte-americana no Haiti e de alguns diplomatas a favor do fuhrer.

A vitória de Luiziane Lins em Fortaleza é outra derrota de Lula e seu grupo por mais que teimem em dizer que a prefeita eleita é do PT. Pediu, publicamente, que os homens do governo não atrapalhassem sua campanha.

É claro que existem resultados, falo de eleições, positivos para o governo. O PT deixa de ser um partido com características urbanas e chega ao que Tancredo Neves chamava de «burgos podres», onde mandam e imperam os coronéis. Em termos numéricos o partido deve ter crescido.

José Jânio Serra chegou a cogitar de usar FHC nos últimos dias da campanha. Uma pesquisa mostrou que o efeito seria negativo. O ex-presidente não deixou e nem gerou saudades ainda, apesar de Lula.

Lula desceu de pára-quedas na campanha de Marta. Não deu resultado.

Do ponto de vista estritamente eleitoral uma coisa é Lula outra coisa é o PT. Falo do PT histórico, o das bases.

Houve conquistas no Estado do Rio e uma importante vitória em Minas, a de Contagem. Em Juiz de Fora o partido venceu com o candidato do PTB. É ligado a Clésio Andrade, vice-governador e derrotou um tucano, o líder do PSDB na Câmara, Custódio Matos. Só ganhou por isso. O adversário era um tucano.

O jogo de 2006 está começando. Isso para quem acredita na via institucional. Para quem acha que a luta é de resistência a um processo político, econômico e social muito mais amplo, como dizia Brizola, «que vem de fora», os caminhos são outros.

Organização popular.

A democracia tal e qual a concebem é só um show televisivo. Questão de ângulo e fotogenia. Sabão em pó em forma de gente. Um clube onde a mesa principal tem cartas marcadas e ganha aquele que for melhor trapaceiro.

Ou tiver melhor marqueteiro.

Para o movimento popular o dilema é outro.

Não há sentido mais em manter o Fórum Social Mundial em Porto Alegre, nem como resistência. A direita no Rio Grande do Sul tem o governo do Estado, agora a capital, boa parte do entorno, a chamada região metropolitana, morde e não foi vacinada.

A eleição em Porto Alegre transcendeu a simples disputa entre dois ou três, quatro ou cinco partidos. Foi a vitória do grito, da impostura, da corrupção. Em cima da incompetência de lideranças petistas, no caso de Tarso Genro, responsável primeiro pela derrota e, depois, irresponsável na prática política.

Lula derrotou Pont. Não é só ele o responsável pela derrota de Marta. Marta é em boa medida a principal culpada. É a segunda vez que o PT perde a Prefeitura da capital, sede nacional do partido.

O desafio para Lula é viabilizar sua reeleição.

O desafio para as forças populares é organizar a resistência, resistir e encontrar caminhos diversos do show da democracia. É igual ao show do Faustão, ou ao da Xuxa, do Gugu, «o fetiche da imagem» como escreveu Guy Debort.

A direita entende disso como ninguém. Controla os principais veículos de comunicação. O PT vai de Vanessa Camargo e Leonardo.

Um dado para ilustrar o que aconteceu em Porto Alegre. O latifúndio gaúcho, ainda não conhece garfo e faca até hoje, mesmo beneficiado pela falta de caráter do governo no caso dos transgênicos. Aliou-se às elites urbanas, corruptas, para enterrar o caráter de cidade símbolo de um outro mundo é possível. Pode parecer bobagem, mas é «batatolina de bayer» como diria Monteiro Lobato.

O que aconteceu em Porto Alegre não é só um sinal para o PT. É principalmente para as forças populares. O PT joga o jogo deles, dos donos. Lula já falou que a democracia nessas eleições «deu um show».

Ah! A Monsanto quer aumentar o preço das sementes de soja e milho transgênicos. No primeiro ano jogou milho aos galos e galinhas, no segundo quer parte dos lucros.

É briga entre eles, os bandidos.

Falta a eleição na matriz, essa é terça-feira.