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Seis semanas

Fuentes: Rebelión

John Kerry tem seis semanas para tentar reverter um quadro desfavorável segundo as principais pesquisas de opinião divulgadas nos Estados Unidos sobre as eleições presidenciais de novembro. É certo que a maior parte das pesquisas é manipulada e monitorada pela Casa Branca. Os meios de comunicação nos Estados Unidos, exceção de um ou outro, fecham […]

John Kerry tem seis semanas para tentar reverter um quadro desfavorável segundo as principais pesquisas de opinião divulgadas nos Estados Unidos sobre as eleições presidenciais de novembro.

É certo que a maior parte das pesquisas é manipulada e monitorada pela Casa Branca. Os meios de comunicação nos Estados Unidos, exceção de um ou outro, fecham com o IV Reich e apóiam incondicionalmente o terrorismo de mercado. Mas não há dúvidas que George Bush recuperou terreno, acuou Kerry e tudo indica que vá ser reeleito.

Clinton, fora da campanha por conta de uma cirurgia de ponte safena, aconselhou Kerry a ser agressivo e a deixar de lado a briga para provar que é mais homem que Bush. Essa está ganha por Bush.

O que assusta na sociedade americana é a capacidade de optar pelo fraco, pelo covarde, pelo sujeito que beira a idiotia como forma de parecer forte. Pode sugerir um paradoxo, mas não é não. Tem sido marca registrada da história dos EUA. Exceções existem, lógico, por isso existe também a regra.

A grande muleta da paranóia norte-americana é o Superman. Um herói casto, que quando perde a virgindade tem que fazer tudo voltar ao passado para recuperar a virtude. Dele e de Lois Lane. Bush é um cowboy, esses preenchem o imaginário do cidadão comum naquele país.

O que pouco se mostrou da saga da conquista do Oeste nos Estados Unidos foi a barbárie. A ação de grandes grupos, de militares contra índios, a corrupção. A idéia do justiceiro forte foi difundida e permanece em tempos de Batman burlando a vigilância do palácio real inglês.

Americanos crêem, piamente, que a sensatez de Kerry na maior parte das questões é um risco. Preferível a estupidez de Bush, capaz de apertar botões de destruição. O bateu levou.

Não percebem o risco que isso representa para o próprio império. Bush é um sinal de decadência. Na decadência os bandoleiros atiram para todos os lados, não têm nada a perder, querem ganhar tudo.

O sujeito cresce, nos EUA, grudado em tevê e videogame, jogando jogos de guerra, onde a morte é uma constante e os inimigos são sempre o resto, os outros. Aprendem a matar desde cedo, faz parte da cultura do país, quando pilotam aviões chamados inteligentes não fazem senão repetir o que carregam consigo desde criança: despejar bombas e matar impuros.

O fanatismo religioso não é só de bin Laden. O fanatismo de mercado é muito pior, levando em conta o poder militar ianque.

Vai ser difícil para Kerry reverter o quadro. O democrata vai apostar nos debates com Bush. No olho no olho. Bush é um produto da barbárie. Faz gestos calculados, fala palavras previsíveis e pode se enroscar num ou noutro ponto, afinal não entende de coisa alguma. Depende de quem puxa as cordas, maneja o fantoche.

Fora os debates, só um fato extraordinário, como aconteceu com Carter, no caso da ocupação da embaixada dos EUA em Teerã.

E ainda assim é pouco provável que Kerry recupere o terreno perdido. Depende de muitas coisas que não estão ligadas à campanha propriamente dita e não tem se mostrado alguém com apetite para lutar. Dá a impressão de uma raposa amedrontada no meio de uma caça. Sem ter idéia de onde se esconder. Já percebendo os caninos dos mastins.

Os dos maiores arsenais de armas nucleares do mundo estão em mãos de dois irresponsáveis: Bush e Putin. O ocaso da democracia na sua versão burguesa.

Bush já disse a vários assessores que tem planos para centralizar a Europa, ocupar a América do Sul, varrer do mapa os adversários do grande império. Não tem noção que está perdendo a guerra do Iraque, não consegue controlar o Afeganistão, se vê atolado, cada vez mais na ditadura colombiana.

Mas, ainda assim, é um preço alto demais que vai ser pago por uma eventual reeleição do líder terrorista do IV Reich.

Pela própria história da democracia norte-americana. Puro retrocesso, em todos os sentidos. Toynbee falava mais ou menos disso. Guerra nuclear, um novo mundo emergindo no puritanismo e fanatismo religiosos. Não houve a guerra, mas caiu uma das forças e a outra impera soberana e boçal.

Todos se acham enviados divinos para libertar o mundo. O preconceito renascido no novo Reich.

Por detrás de tudo isso se esconde a mais pavorosa ameaça e a maior delas é George Bush. Não há meio termo. É preciso estar preparado para enfrentar o terror de mercado em escala muito maior. Se quisermos sobreviver e construir um mundo alternativo a esse.