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Sinais de alívio. Será mesmo?

Fuentes: Rebelión

O governo respira aliviado com os últimos fatos políticos e econômicos. Acha que as nuvens de chuva estão se dissipando e as perspectivas até outubro, mês das eleições municipais, vão permitir ao PT vitórias importantes, principalmente em cidades de porta de médio e capitais estratégicas. Tudo indica que o ministro José Dirceu conseguiu recuperar parte […]

O governo respira aliviado com os últimos fatos políticos e econômicos. Acha que as nuvens de chuva estão se dissipando e as perspectivas até outubro, mês das eleições municipais, vão permitir ao PT vitórias importantes, principalmente em cidades de porta de médio e capitais estratégicas.

Tudo indica que o ministro José Dirceu conseguiu recuperar parte do seu poder e acima de tudo no campo da articulação política. Aldo Rebelo estaria propenso a pedir demissão, é o que dizem algumas fontes do governo, ainda que a boca pequena. O que não significa que vá acontecer. O ministro só sai se quiser e tem ainda a chance de trocar de Ministério se preferir. Política de compensação. O líder nacional do MST, João Pedro Stédile, disse em

Juiz de Fora, MG, que «Lula deveria demitir Palocci por telefone». O ministro da Fazenda é o principal fator de desgaste do governo e pode levar o presidente a uma situação complicada, permitindo a volta de FHC à presidência. Stédile foi no ponto principal: «o presidente teria que ter privilegiado os movimentos sociais e não o Congresso».

O ex-presidente, por sua vez, disse a mais de um interlocutores que «não digo que não sou candidato, mas também não digo que sou». Está na muda, aguardando o rumo dos acontecimentos. Passam por São Paulo, até pela natureza dos dois partidos, o de Lula e o dele: são partidos paulistas. Marta Favre, no entanto, é um problema sério para Lula e sua turma. Está mal das pernas na campanha, existem analistas que não acham impossível que Paulo Maluf dispute o segundo turno com o tucano José Serra. Pouco provável mas, de fato, não impossível.

Em Minas Gerais nas maiores cidades as chances do PT são mínimas. Em BH, a capital, o líder evangélico João Leite, ex-goleiro do Atlético, é o favorito. O atual prefeito, Fernando Pimentel está bombardeado por todos os lados. E é do tipo que costuma dar tiros no próprio pé, o que torna a tarefa da reeleição mais difícil.

Em Juiz de Fora, uma das mais importantes cidades do Estado, a que Itamar Franco considera seu feudo, o PT abriu mão de ser cabeça de chapa para aliar-se a um candidato do PPS. Há quem diga que um dos últimos comunistas em atividade. Há notícias de estranhos movimentos nos túmulos de Marx e Lenine. Escolheu como vice-prefeito um exótico pássaro da direita petista, sem votos, mas cheio de clips, carimbos, coisas típicas de burocrata. Enfim. Há quem prefire a remela aos olhos, é um velho ditado.

Outra capital considerada estratégica para o partido de Lula é Porto Alegre. Ali o candidato Raul Pont vai bem, mas corre riscos. Afinal Tarso Genro é ministro do governo, ministro da Educação e tem mania de não gostar de ceder o centro do palco para outros. Tem vocação de prima dona.

O ex-senador José Fogaça, seu principal adversário, tem cacife para complicar as eleições e o segundo turno deve ser entre os dois.

As vulnerabilidades de Lula se acentuam no Estado do Rio. Em 92 municípios, apontam as primeiras pesquisas, o partido tem chances de ganhar em apenas 4 e, mesmo assim, inexpressivos do ponto de vista político. Na capital, Jorge Bittar, deputado federal e candidato petista não tem qualquer possibilidade e corre o risco de ter menos que Jandira Feghalli, deputada do PC do B, em linha de colisão com o seu partido e preferida do eleitorado da esquerda.

Todas as avaliações coincidem em dois pontos. O primeiro deles é que o PT virou de fato um partido dos burgos podres. Deve crescer em número de prefeituras, mas nas cidades menores, onde o voto é controlado por coronéis políticos.

Outra é que os tais reflexos positivos que o governo espera, os sinais de alívio, só devem produzir efeito, Duda Mendonça ainda está editando essa parte do filme, com vistas ao que realmente interessa ao presidente e sua turma: 2006.

É consenso entre analistas políticos que as eleições municipais não são, por si só, definidoras de eleições federais. O eleitor costuma votar de olho nos problemas de sua cidade.

As estranhas alianças que o PT vem fazendo, que incluem desde o PTB, passam pelo PL, pelo PFL, só poderão ter suas exatas conseqüências medidas após as eleições e uma criteriosa avaliação. O presidente nacional do PTB, Roberto Jéferson, ex-tropa de choque de Collor de Mello, já disse que na reeleição seu partido vai indicar o vice de Lula. Ou seja, antes da hora já estão rifando José Alencar.

E um grande problema para Lula: em 2006 o P-SOL vai disputar a presidência com a senadora Heloísa Helena. Isso significa que ponderáveis setores da esquerda deverão deixar de lado o presidente. Podem ficar mais ponderáveis ainda depois de 2005, o processo interno de eleições do PT. Se prevalecer o trator José Dirceu, um terço do partido deve procurar outros rumos.

Os tais sinais de alívio, na verdade, são apenas movimentações de marqueteiros. O jogo está começando, mas o segundo tempo será em 2006. Lula está como aquela personagem da televisão: só pensa naquilo, a reeleição. As alianças indicam isso. Ganha perdendo. É o que pretende exibir quaisquer que sejam os resultados de outubro.

Na cabeça dos que montam e editam o filme do segundo mandato há uma realidade nova: base governista. É diferente de PT.

Ah! Passado o recesso de julho o Congresso deve discutir, novamente, a reeleição dos presidentes do Senado e da Câmara. Sarney já está se movimentando para continuar. É uma das pontas do esquema.