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Transgênicos e soberania alimentar na estratégia global

Fuentes: Rebelión

Entre tanta polêmica, o tema dos transgênicos continua incompreendido se não se coloca num contexto estratégico global. Há uma clara política de dominação acelerada que procura controlar o petróleo mundial, a água (cada vez mais privatizada em surdina), os alimentos, remédios, patentes, biodiversidade, dívida externa, geração de energia, comunicações, mídia, etc. Basta você olhar quem […]

Entre tanta polêmica, o tema dos transgênicos continua incompreendido se não se coloca num contexto estratégico global.

Há uma clara política de dominação acelerada que procura controlar o petróleo mundial, a água (cada vez mais privatizada em surdina), os alimentos, remédios, patentes, biodiversidade, dívida externa, geração de energia, comunicações, mídia, etc. Basta você olhar quem está avançando mundialmente em todos estes itens ao mesmo tempo. A concentração do controle em mãos de multinacionais americanas é o verdadeiro objetivo: a dívida externa e as privatizações estiveram entre os primeiros passos; logo veio a imposição do neoliberalismo: nova liberdade para o capital especulativo e desmonte do Estado enquanto defensor da soberania. A isto se somam a Lei de Patentes, a «regulação do comércio» através da OMC, a chantagem do FMI e as «guerras» para acabar com quem não obedece: apenas 2 «guerras» garantiram os 3 maiores depósitos mundiais de petróleo e gás (Iraque, Arábia Saudí e Mar Cáspio). São avanços simultâneos numa guerra mundial que acontece também onde não há bombardeios.

Os alimentos são o «petróleo» (o combustível) dos indivíduos. O petróleo controla os países; os alimentos controlam as massas. Imagine se uma mesma potencia controlar as duas coisas mais a dívida externa, as leis de comercio, o software, a mídia, a moeda mundial (dólar) e o resto.

A importação de grãos subsidiados (mesmo os não transgênicos) arrasa o pequeno produtor, provoca o êxodo rural e aumenta o desemprego e a fome. Na América Central a pequena agricultura já está extinta… e era o único que tinham. Os países vão sendo «favelados»: veja o desastre argentino.

Mas então: para que o Poder Global quer os transgênicos, se aparentemente já podia fazer tudo sem eles?

É que as riquezas naturais estão nos países pobres (!!!) e em conseqüência o Terceiro Mundo poderia um dia discutir a dívida externa e a hegemonia do dólar se tivesse condições de subsistir desobedecendo. Agora: se o credor controla também o petróleo, o alimento e o resto, cada país ficará completamente amarrado. Ninguém encara uma rebeldia sem petróleo nem comida.

Os transgênicos, uma vez espalhados, impediriam até uma agricultura de subsistência: a dependência seria até no prato. Isto é o que não se conseguiria sem transgênicos. Por isso não e acidental quando contagiam o vizinho: sua intenção última é monopólica. A «liberdade de escolha do consumidor» duraria apenas o tempo que os transgênicos demorassem em invadir o resto. Ou menos ainda, como já acontece nos EUA: aumentaram o preço das sementes modificadas e vários produtores tentaram voltar às naturais, só que umas e outras são controladas pelas mesmas multinacionais, e estas declararam que as sementes naturais «estavam em falta» (!!!). Enquanto nos EUA já não há nem liberdade do produtor, aqui se fala em «liberdade do consumidor»; para você ver o tamanho da mentira importada. É bom lembrar que os EUA subsidiam alimentos para garantir a soberania alimentar deles, enquanto esperam que renunciemos à nossa. E sem soberania alimentar não é viável a soberania nacional (esta última, alvo também da ALCA).

Os transgênicos são uma arma estratégica global, porque estão planejados para gerar maior dependência, não apenas para que a Monsanto lucre.

Há quem defenda só transgênicos nacionais. Ora: se a ALCA for aprovada, você não poderá proibir a uma empresa estrangeira aquilo que permitir a uma empresa nacional. E se a ALCA fracassar, resta a OMC para «regular» em benefício de já sabemos quem. Por isso devemos valorizar o triunfo em Cancun… e perguntar-nos se teria sido possível a rebeldia do G 21 se esses países dependessem dos EUA para comer. A uma estratégia global você só pode opor uma contra-estratégia global.

Obviamente, nada disto aparece na solidão do laboratório entre o cientista e a semente; por isso a Monsanto pretende uma decisão «puramente científica», marginando a política, a História, a soberania, os interesses estrangeiros, a má fe… Expulsa-se do laboratório toda a realidade, e depois ordena-se ao cientista puro que absolva por falta de provas essa semente (como serão as futuras?).

Se isto acontecer, mais uma vez a História nos passará por cima sem que a hajamos entendido.

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Sobre uso de transgênicos para multiplicar a fome procure na Internet «Silvia Ribeiro» e «Vandana Shiva». Aspas são indispensáveis. Também pode pedir mais informações para [email protected]