Sérgio Porto dizia que «é máquina de fazer doidos». E arrematava: «o melhor da televisão é o botão de desligar». Impressiona a forma como a Rede Globo anuncia o programa Big Brother. Mais ainda, pior que isso, apavora, o número de pessoas que compram o pacote para ter vinte e quatro horas da falsa privacidade […]
Sérgio Porto dizia que «é máquina de fazer doidos». E arrematava: «o melhor da televisão é o botão de desligar».
Impressiona a forma como a Rede Globo anuncia o programa Big Brother. Mais ainda, pior que isso, apavora, o número de pessoas que compram o pacote para ter vinte e quatro horas da falsa privacidade de meia dúzia de seres de plástico que aceitam ficar confinados numa casa por um ou dois meses e aceitam muito mais, por 500 mil reais, cerca de 180 mil dólares.
Já sobre Faluja nada. A destruição de cidades inteiras no Iraque, nos moldes das forças nazistas do franquismo passa batida pela tevê.
A tevê privada em países como o Brasil é parte do complexo terrorista que cria um mundo de imagens fantásticas e transforma a vida numa batalha por quinze minutos de glória. «Tem face de anjo, poder de demônio» como disse um louco de cuja sanidade não se pode duvidar.
Na Venezuela é essencialmente golpista.
Nos Estados Unidos veicula o terrorismo oficial, o da Casa Branca.
As imagens das tsunamis que mataram mais de 50 mil pessoas, números obtidos até agora, têm a preocupação estética, a captura do instante da destruição, as explicações técnicas sobre as ondas gigantescas, um ou outro «milagre» de uma ou outra vida salva em meio àquela destruição aterradora.
O rosto dos apresentadores traz o frio glacial para não derreter a maquiagem. A comoção não passa de um esgar.
São e têm sido mostradas à exaustão.
Não criam problemas para os donos do mundo. Pelo contrário, abrem espaço para o exercício da caridade.
Já as imagens de tropas norte-americanas torturando, matando, destruindo cidades. Ou de soldados de Israel demolindo casas de cidadãos indefesos. Essas…
Uma ou outra e mesmo assim as casas são destruídas na busca de «terroristas».
O desafio dos movimentos sociais vai poder ser medido quando o número de telespectadores do Big Brother for quase zero, reservando o quase para os idiotas incuráveis.
Se bobear arranjam um jeito da turma ser recebida pelo presidente da República. O narcotraficante que governa a Colômbia, protetorado norte-americano na América do Sul, não apareceu num programa semelhante em seu país?
O mundo virou um grande show.
Dia 31, à meia noite, tem fogos de artifício. Os culpados pelo naufrágio do Bateau Mouche, numa festa semelhante há alguns anos, continuam soltos. Ou foragidos. Fazem parte da troupe dos donos.
A televisão privada no Brasil ou em qualquer parte do mundo aposta na imbecilização das pessoas como forma de dominar. Político hoje não precisa ter idéias, basta ter imagem.
É literalmente «a sociedade do espetáculo», como a define Guy Debort.
Esperar para ver o sujeito pular e virar pasta aqui embaixo. Que seja rápido, para não atrapalhar o trânsito como afirmou Chico Buarque.
A televisão popular é outro desafio. Basta ver os protestos de deputados nacional socialistas (ou tucanos) contra a tevê comunitária de Brasília que noticia fatos reais.
A turma berra quando o veículo cumpre o seu papel verdadeiro. E como berra.
Quer a ficção da Globo e do resto. O engana trouxa.