Recomiendo:
0

Vitória bolivariana é vitória dos povos da América Latina

Fuentes: Rebelión

A contundente vitória do governo do presidente Hugo Chávez no referendo sobre seu mandato, aceita pelos dois principais observadores internacionais (Jimmy Carter e César Gaviria, secretário geral da OEA), não afasta o risco de novas tentativas de golpe de estado. O governo dos Estados Unidos já anunciou que quer uma investigação rápida e sumária sobre […]

A contundente vitória do governo do presidente Hugo Chávez no referendo sobre seu mandato, aceita pelos dois principais observadores internacionais (Jimmy Carter e César Gaviria, secretário geral da OEA), não afasta o risco de novas tentativas de golpe de estado.

O governo dos Estados Unidos já anunciou que quer uma investigação rápida e sumária sobre as denúncias de fraudes levantadas pela oposição. É uma atitude típica de quem vai se valer do argumento para alcançar o objetivo de tentar afastar o governo bolivariano. A etapa seguinte dos terroristas é tentar inviabilizar o governo, promover ações de terror explícito e forçar um novo confronto.

Carter e Gaviria, certamente, preferiam outro resultado. Foram dois agentes, em todo o processo, desde a coleta de assinaturas, passando pela campanha, do processo terrorista/golpista do presidente George Bush. A opção do povo venezuelano foi de tal forma expressiva que não lhes restou outra alternativa que não reconhecer a validade dos resultados.

O referendo de domingo, na Venezuela, traz várias lições e enseja conseqüências importantes para todo o processo político na América Latina, sobretudo na América do Sul.

Num primeiro momento Hugo Chávez resta como líder inconteste, várias vezes respaldado pelo voto popular, da luta por um mundo alternativo, nesta parte do planeta. Falo da América do Sul.

Abre perspectivas para governos que oscilam entre enfrentar o poder norte-americano e se calarem diante dos instrumentos de re-colonização, FMI, OEA, saírem dos armários e buscarem formas de mudanças políticas, econômicas e sociais em seus países.

Fica mais difícil para Bush e sua organização terrorista ações contra a revolução cubana. A demonstração do povo da Venezuela refletiu, isso é fácil de ser constatado, os desejos e vontades dos povos latino-americanos. Chavez no domingo encarnou e representou tudo isso.

É o que a esmagadora maioria dos povos de cada um desses países espera. Foi isso que os venezuelanos disseram ontem. No caso de Lula, esperava, é sempre bom frisar. O governo brasileiro está prestes a privatizar a PETROBRAS.

Enfraquece a ação terrorista do governo de Álvaro Uribe, cria espaços para uma vitória nas eleições presidenciais da Bolívia, em futuro próximo, para as forças populares e pode significar maior disposição de luta do presidente argentino Nestor Kirchner, em relação às políticas de seu governo.

Deixa em má situação governos dóceis como o de Alejandro Toledo, no Peru e Lúcio Gutierrez, no Equador, o próprio Lula no Brasil.

Uma segunda observação diz respeito à fantástica mobilização dos venezuelanos em defesa da soberania de seu país, da alternativa ao modelo falido de elites podres e corruptas e escancara a porta para movimentos populares em todo a América do Sul para cobrarem de seus governos atos de coragem diante do quadro político, econômico e social.

No caso do Brasil, por exemplo, a expectativa que reste algum vestígio de compromisso popular do governo Lula e seja suspensa a sexta licitação de bacias sedimentares, crime de lesa pátria com que o governo ameaça o Brasil, os brasileiros e compromete seriamente o futuro do País.

O que surpreendeu golpistas venezuelanos foi a participação popular. Num país onde a abstenção média era de 40% do eleitorado, 15% dos eleitores não compareceram às urnas.

O espetáculo das filas até meia noite, mostrado em fotos e por algumas redes de televisão, foi o principal atestado da coragem e da determinação do povo da Venezuela de não ceder nem ao golpismo, nem ao terrorismo, nem à corrupção de suas elites.

Hoje se sabe que as principais redes privadas de televisão do país omitiram os resultados enquanto puderam. Não contavam com a vitória de Chávez, muito menos pelos números fartamente majoritários, com o que a fraude que intentavam se tornou impossível.

E é diante desses números que as denúncias de fraude perdem sentido. Puro delírio dos grandes empresários, latifundiários. Nem Carter e nem Gaviria tiveram força moral para respaldá-las. Viram-se na contingência, única, de aceitar a vontade do povo da Venezuela.

A notícia que o governo de Bush quer uma investigação sumária e rápida sobre eventuais fraudes deveria ser seguida de uma contraposta do governo da Venezuela: uma sumária e rápida investigação sobre a vitória do atual presidente norte-americano nas eleições de 2000, em monumental fraude num distrito da cidade de Miami.

Ou sobre os atos de terrorismo do IV Reich contra povos do mundo inteiro.

Outra conseqüência da vitória de Chávez é a falência da OEA (Organização dos Estados Americanos) como instituição destinada a promover a integração entre os governos e povos da América.

César Gaviria comportou-se como agente do governo dos EUA. Uma espécie de secretário do ex-presidente Jimmy Carter, o que parece que é, mas não é.

Um processo revolucionário, mesmo com as limitações que Chávez sofre, não vai avançar sem novas dificuldades, novos obstáculos.

Os interesses em jogo, para a turma do capital, são imensos. A Venezuela é o quinto maior produtor de petróleo do mundo. Bush é do ramo. Seu governo se volta para três setores específicos: petróleo, indústria de armas e bancos (sistema financeiro).

Foi vencida numa impressionante e maravilhosa demonstração de coragem do povo da Venezuela uma etapa. É, agora, avançar e buscar consolidar cada passo da revolução bolivariana, sempre atento a um inimigo traiçoeiro, sem escrúpulos e permanentemente de tocaia.

Esse é um caminho para todo o conjunto da luta popular em toda a América Latina.

O que se ouviu domingo na Venezuela foi um NÃO ao IV Reich. E com as armas que eles tanto gostam: voto. Manifestação popular. Expressão da vontade popular.