As declarações de George Bush sobre a morte de Arafat revelam um presidente mais perigoso que a fraude do primeiro mandato. Bush não falou nada diferente de nada, o que significa que se imagina, nesse segundo momento, um estadista. Qualquer avaliação sobre eventuais erros de Yasser Arafat fica prejudicada pelo sentimento anti-palestino da grande mídia. […]
As declarações de George Bush sobre a morte de Arafat revelam um presidente mais perigoso que a fraude do primeiro mandato. Bush não falou nada diferente de nada, o que significa que se imagina, nesse segundo momento, um estadista.
Qualquer avaliação sobre eventuais erros de Yasser Arafat fica prejudicada pelo sentimento anti-palestino da grande mídia. Ou mais propriamente, pró Israel. O que resta de Arafat é a vida dedicada à luta de seu povo.
O ódio despejado pelo ministro da Justiça de Israel sobre o palestino ter «as mãos sujas de sangue» é uma das chaves para entender o semblante que denotava comemoração do líder fascista Ariel Sharon.
A crença que a morte de Arafat possa representar perspectivas de paz na ótica e na razão direta dos interesses de Israel e dos norte-americanos deixa à mostra dois pontos: um deles, Arafat era um empecilho a um Estado Palestino fantoche ou apenas nominal. Outro, a conseqüência. É com morte de Arafat que Sharon conta quando fala em fim do terror. Fica mais fácil impor a ordem terrorista aos palestinos.
O principal foco de terror no Oriente Médio além dos Estados Unidos, é o Estado de Israel. Lato senso um estado terrorista. Mãos sujas de sangue são as de Sharon, diariamente, nos corpos de crianças, mulheres, de seres indefesos diante da barbárie do regime de Tel Aviv.
A decisão de não permitir que Arafat fosse sepultado em Jerusalém é a prova cabal do ódio mesquinho e do caráter totalitário de Israel em relação a palestinos.
Nem se trata da verdade bíblica, como gostam de dizer alguns. Mas negócios, só negócios.
Por mais impiedosas e mentirosas que sejam as crônicas da grande mídia em todos os cantos do mundo (raras exceções), a História vai dar a Arafat sua verdadeira dimensão.
Foi um líder inconteste do povo e da causa palestinas.
As multidões que ora prorromperam em prantos, ora em orações e depois no velório e sepultamento do líder atestam essa condição.
Arafat foi o último sobrevivente do nasserismo. Ou daqueles que nasceram com Gamal Abdel Nasser.
O risco real é o que Sharon chama de «grande virada». A fragmentação da luta na ausência de alguém que aglutine, integre, condições que Arafat preenchia com sobras.
O que Israel tem feito desde o momento da saída de Yasser Arafat é desqualificar o líder palestino, tática comum a Sharon e Bush. Bom ou não, o acordo assinado com o primeiro-ministro Rabin provocou a reação dos grupos fascistas.
É pouco provável que, como Rabin, Arafat tenha morrido por causas naturais. E mesmo que, a princípio possam parecer, o confinamento a que esteve submetido foi um ato de violência inominável da ditadura da principal província do IV Reich.
O massacre imposto, sistemática e deliberadamente, a iraquianos, afegãos e palestino tem poucos paralelos na história da humanidade. Tanto pelos fatos em si, como pela crueldade dos governos de Bush e Sharon.
Yasser Arafat foi maior que todos eles.