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Para que a Sandra possa estudar e se feliz

Fuentes: Rebelión

Ela está aqui todas as manhãs, mas quem a vê? Passa invisível com suas vassouras e rodos. Usa uniforme, talvez por isso tão poucos a notem. Seu nome é Sandra. Trabalha há anos na UnB. Limpa o chão que todos pisam. Ganha pouco mais de 300 reais e tem três filhos para criar. Mora longe, […]

Ela está aqui todas as manhãs, mas quem a vê? Passa invisível com suas vassouras e rodos. Usa uniforme, talvez por isso tão poucos a notem. Seu nome é Sandra. Trabalha há anos na UnB. Limpa o chão que todos pisam. Ganha pouco mais de 300 reais e tem três filhos para criar. Mora longe, bem longe, e volta para casa a pé, para economizar o dinheiro do ônibus. Seus pés apresentam as marcas da caminhada.

A Sandra é uma brasileira. Tem sonhos altos. Está fazendo História na UnB. É, curso de história. Vai ser professora. Quer entender as coisas do mundo, saber como a vida se fez no passado, como se faz hoje, para apontar futuros. Futuro onde vê os filhos felizes, cultos, encaminhados. Sandra não faria história se não houvesse a universidade pública. Não, não faria. Seus sonhos seriam abortados no balde de água que usa para clarear o piso dos letrados.

Mas, para sorte de Sandra, universidade pública ainda há!!!! E por quê??? Porque temos lutado, nós, os trabalhadores técnico-administrativos, anos a fio, contra todas as ameaças de privatização. Não temos vencido tudo. Nossas universidades estão privatizando pelas beiradas. Um dia uma coisa aqui, outro dia, outra coisa ali. E assim vai. Mas a gente vai resistindo. Lutando. Agora estamos aí, desde há 62 dias, em luta pelo plano de carreira, que é mais uma barreira para a privatização. Ainda não o temos, talvez não o tenhamos apesar da greve, se aceitarmos o projeto que o governo oferece. Mas, os que lutam, há!!!!

Os que rejeitam a proposta rebaixada que o governo apresentou o dia 20 de agosto, querem que todas as Sandras, e Marias, e Joãos, e Pedrospossam ir mais longe do que seus pés. Querem que voem, não em sonhos, mas em realidades. Que façam história, medicina, veterinária, ciências sociais. Que tenham saúde, educação, segurança, moradia. A Sandra, dos pés cortados, das mãos calejadas, pode ser engolida pelas PPPs, as Parcerias Público Privadas, menina dos olhos do governo Lula. Com esse projeto, ele privatiza tudo o que é público, entrega para os empresários e aí, quem vai poder estudar. A Sandra?? Não. Ela não. Só os filhos do capital, da burguesia.

E nós, ao jogarmos para 2005 o início da nossa carreira, ao aceitarmos lei complementar só no ano que vem como o governo quer, poderemos estar contribuindo para isso. Até lá, o governo passa a reforma universitária, as PPPs, a reforma sindical, a reforma trabalhista. E aí??? Que universidades teremos? Peço aos deuses e deusas que a Sandra, a garota da limpeza, que faz história na UnB esteja quase terminando o curso. Para que ela se salve. Mas, e os outros?? E os outros???? Os perderemos???? Acho que não!!! Ainda há os que lutam…ainda há!!!!…